Já existem utentes que reduzem o número de tomas da medicação como forma de o medicamento durar mais tempo. A Saúde está cada vez mais cara
A CRISE está a afetar o acesso dos portugueses aos cuidados de saúde, com menos dinheiro para ir ao médico, com menos recursos para seguir a medicação recomendada.
O assunto está na ordem do dia, não pela crise, mas pelos seus reflexos na Saúde.
O Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) considera que a crise e a austeridade dificultaram o acesso dos portugueses aos serviços de saúde e sublinha a preocupação com a contenção de gastos no setor.
“A intensificação dos efeitos da crise e consequente pressão para a contenção nos gastos produz nos serviços de saúde um clima que pode levar esses mesmos serviços a não oferecerem aos doentes aquilo que melhor convém à sua condição de saúde”, refere o Relatório de Primavera 2012.
O documento, intitulado “Crise e Saúde - Um país em sofrimento”, refere um “racionamento implícito” na saúde, explicando que este “não decorre de instruções ou de decisões explícitas para limitar a prestação de cuidados de saúde necessários, mas resulta de comportamentos restritivos, como consequência de um clima de intensa contenção de gastos por parte de decisores pressionados para limitar despesas e avaliados em função disso”.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses corrobora das conclusões deste estudo, mas acrescenta que a realidade “é bem mais dura do que aquilo que se diz”. Enfermeira há mais de 30 anos, Conceição Rodrigues diz não se lembrar de “uma deterioração tão grande e tão grave no acesso aos serviços de saúde que se prestam, neste momento, em Portugal”.